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Você vive dizendo ‘sim'?

  • agdagalvaopsic
  • 30 de mar.
  • 4 min de leitura

1. Você já se pegou fazendo algo só para não desagradar pessoas ao seu redor?

Já sentiu que, por mais que tente agradar, ainda carrega uma inquietação constante, como se sua própria vontade, seus próprios desejos ficassem em segundo plano?

Se a resposta for “sim”, talvez você repita o padrão de “ser boazinha” em excesso — uma forma de agir que, à primeira vista, parece pura generosidade, mas que, muitas vezes, esconde medo de rejeição, ansiedade e a sensação de não ter espaço para si mesma.

Este texto é para você que se reconhece nesse ciclo e busca uma mudança mais profunda. Vamos falar sobre as raízes desse comportamento e como a Psicologia Analítica, desenvolvida por Carl Gustav Jung, pode nos ajudar a entender o que acontece “por baixo dos panos”, quando nos tornamos reféns da necessidade de agradar.

 

2. O Impacto Silencioso de Agradar Sempre

É importante lembrar que esse padrão muitas vezes se desenvolve a partir de traumas que podem surgir de experiências sutis na infância, mesmo   quando não conseguimos identificar um evento traumático evidente, gritante.  

Não precisa haver, necessariamente, um grande trauma ou negligência severa. Situações como receber afeto apenas quando se comporta de modo exemplar, ou sentir que qualquer demonstração de conflito pode abalar a harmonia familiar, estes são alguns fatores que podem levar à constante adaptação às expectativas do outro.

Do ponto de vista junguiano, essas vivências podem moldar a Persona — nossa “máscara” social, que mostra ao mundo o lado aceitável de “nós” perante a sociedade. Se a criança percebe que ser sempre gentil e agradável lhe garante aceitação, ela aprende — inconscientemente — a seguir esse caminho como forma de garantir sua segurança emocional.

 

Por outro lado, o desejo de se opor, impor limites ou até mesmo expressar raiva fica reprimido na Sombra, aquele espaço inconsciente que guarda tudo o que é considerado inaceitável ou inconveniente para o convívio social.

 

Alguns Sinais De Que Você Pode Estar Presa Nesse Ciclo:

  • Dificuldade em dizer “não”: Mesmo quando algo não lhe agrada ou sobrecarrega, você se sente mal em recusar.

  • Angústia ao desagradar: Basta uma crítica ou olhar de desaprovação para você se sentir culpada, como se tivesse falhado completamente, invalidada e diminuída.

  • Baixa percepção de si: seus desejos, sentimentos e necessidades ficam em segundo plano, a ponto de você não saber o que realmente quer.

  • Ansiedade constante: A busca pela aceitação gera tensão, pois é impossível controlar completamente a reação dos outros.

  • Necessidade excessiva: de ser aprovada, amada, aceita, ou de receber  atenção da parte de determinadas pessoas de seu círculo social.

Lembra de algum momento em que você se anulou para não criar atrito? Você se percebe em alguma dessas situações ou situações semelhantes a estas? Percebe que ao dizer “sim” ao outro, você diz “não” a si mesma?

Só de falar sobre o assunto, é possível enxergar caminhos que antes pareciam invisíveis — ou até inexistentes. Entender a sua história pessoal pode ser um passo essencial para sair do “piloto automático de ser boazinha” e trilhar um caminho mais autêntico em benefício do seu próprio “eu”.

 

3. De Onde Vem Essa Necessidade de Agradar

Apesar de o comportamento parecer algo puramente “nobre”, a psicologia profunda mostra que, muitas vezes, ele esconde um desejo de garantir amor e aceitação — sobretudo quando acreditamos, desde a infância, que toda forma de confronto ou individualidade pode nos trazer consequências negativas. Seja por medo de rejeição ou por tentar manter a paz no ambiente familiar, a criança descobre que o melhor a fazer é “ficar quieta e concordar”.

Assim, cria-se uma Persona acolhedora, mas que funciona como defesa.

Aqueles impulsos de discordar, de se impor ou mesmo de querer algo diferente se acumulam na Sombra. Como efeito, na vida adulta, podemos enfrentar dificuldade para estabelecer limites claros, o que gera frustração ou esgotamento emocional. Em muitos casos, desenvolve-se também uma sensação de vazio, pois a pessoa não sabe ao certo quem é, além de sua função de “agradar”.

 

Quando Ser Gentil Vira um Peso

Gentileza é virtude, mas quando se torna compulsiva, pode tornar-se uma prisão emocional. Jung acreditava que a individuação — o processo de se tornar quem realmente somos, integrando consciente e inconsciente — envolve, entre outras coisas, encarar nossa Sombra. Isso significa reconhecer o “não” que nunca foi dito, a raiva contida e o real desejo abafado.

A reconciliação entre a Persona e a Sombra permite que continuemos a ser carinhosos e empáticos, mas de uma maneira verdadeiramente livre, sem a opressão do medo constante de desagradar. E é exatamente nesse ponto que a transformação acontece: deixamos de agir por obrigação e começamos a escolher como queremos nos comportar. Essa mudança interna pode refletir-se em relacionamentos mais saudáveis, onde existe espaço para divergir e para ser ouvida.

 

4. O que pode acontecer se nada mudar dentro de você?

  • Exaustão emocional: tentar corresponder às expectativas alheias o tempo inteiro pode levar a ansiedade, depressão ou até problemas de saúde física.

  • Relações desequilibradas: se você está sempre dando e nunca pede, ou nunca recebe, a tendência é de relacionamento tóxico ou unilateral.

  • Perda de identidade: Viver em função de agradar faz com que você se pergunte: “Quem sou eu, além de alguém que faz tudo pelos outros?”

Quando não integrados, os aspectos que reprimimos acabam se manifestando em sintomas ou explosões emocionais. Por isso, encarar essa parte de nós é um passo fundamental para o bem-estar e para nosso processo de individuação.

 

5. A arte de dizer ‘sim’ a si mesma

Há momentos em que a alma sussurra... Talvez este texto tenha despertado uma imagem interna, uma sensação conhecida… um chamado.

A necessidade de agradar pode ser um véu que encobre uma parte esquecida de si mesma — aquela que aprendeu a sobreviver silenciando os próprios desejos.

Na Psicologia Junguiana, compreendemos que esses padrões — muitas vezes inconscientes — conduzem nossas escolhas. Todavia, quando trazidos à luz, se transformam em aliados do nosso processo de individuação.

Dizer “não” aos outros pode ser o primeiro passo para dizer “sim” a si mesma, para se validar.

Se algo em você começou a despertar… talvez seja o momento de se escutar. Se sentir que é hora de olhar para si com mais profundidade, agende uma sessão. Estou aqui para caminhar com você.

 

Autora: Agda Galvão

Psicoterapeuta Junguiana

 
 
 

2 Comments

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Carmem Silveira
Mar 31
Rated 5 out of 5 stars.

Uma leitura que me deixou bastante pensativa… Obrigada.

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Zu
Mar 31
Rated 5 out of 5 stars.

Esclarecedor e nuito bem redigido!

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