Rompendo com Amor: A Travessia da Filha
- agdagalvaopsic
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Rompendo com Amor: A Travessia da Filha
Há momentos na vida em que precisamos partir — não por falta de amor, mas por amor-próprio.
Romper um vínculo não significa apagar a história, mas escrever um novo capítulo com tudo aquilo que foi aprendido.
Entre mãe e filha, o laço é eterno, mas precisa ser transformado para que ambas possam florescer em liberdade.
Esta é uma história simbólica, um retrato poético do momento em que a filha deixa o ninho, não por negação, mas por coragem.
Ela não abandona sua mãe — ela a honra tornando-se tudo o que pode ser e seguindo seu caminho dentro de seu processo de individuação: o encontro com sua essência, o reencontro com seu Self.
Um caminho que não pode mais ser feito sob os cuidados maternos que, se na infância foram nutrições, agora se tornaram vigilâncias e cobranças.
Quantas vezes, aliás, mães confundem cuidado com controle? Nutrição com dependência? Em muitos processos de análise, especialmente entre mulheres, chega o momento em que é preciso simbolicamente "partir da mãe".
Partir não é rejeitar. Romper não é esquecer. Atravessar esse portal é um gesto de amor: consigo e com a ancestral que nos habita.
Crescer é, também, libertar-se — com amor, com respeito, mas com firmeza.
Aqui, uma jornada imagética de separação simbólica — uma reflexão junguiana onde a mãe se torna montanha, terra antiga, e a filha, mulher caminhante.
Uma travessia arquetípica que reverbera na alma de quem está em busca de si mesma. Leia o texto completo seguir — e você que também é filha se permita sentir:
“... Ela partiu ao amanhecer, quando as flores-do-campo ainda bocejavam orvalho e os pássaros conversavam baixinho entre as árvores.
No peito, um fio dourado pulsava — não o via, mas sentia. Era o que a ligava à montanha. À mãe. Mas não uma mãe comum.
Aquela mãe agora era Terra. Era pedra antiga e calor de sol. Era a montanha que a observava de olhos fechados, em paz. Como quem confia. Como quem entrega.
A filha caminhava com passos serenos. Não mais corria como antes, buscando aprovação ou tentando preencher silêncios...
Agora, ela carregava livros e sementes: histórias que a ensinaram e sonhos que ainda desejava plantar.
Na mão direita, uma lanterna — que não iluminava o chão, mas o que estava dentro: os medos, as memórias, as decisões difíceis.
Ao redor dela, vieram os companheiros mentais simbólicos da nova fase: a raposa, que lhe sussurrava sobre os atalhos e os perigos. A coruja, que lhe ensinava a ver no escuro da alma. E a pomba, um pássaro que pairava leve, como promessa de paz interna.
E ainda que estivesse indo para longe da figura da mãe, uma verdade a sustentava por dentro...
Ela nunca deixaria de ser filha. Mas agora podia, finalmente, ser mulher.”
Ótimo texto! De fato, romper o vínculo com a mãe não é uma tarefa fácil, mas necessária para a saúde mental dos filhos e filhas, bem como da própria mãe.